quarta-feira, 3 de setembro de 2014

2ª PARTE DA DANÇA


CONTINUAÇÃO DA HISTÓRIA DA DANÇA
Estampa de figuras humanas em jarro típico.

     Para ser estudada, a história do Império Romano foi dividida em três períodos: Reis, República e Império.
       Sob os Reis, do século VII ao século VI a.C., a dança era praticada como rito religioso, freqüentemente de origem agrária. Um dos rituais mais conhecidos era o Saliano: uma dança guerreira, praticada mais comumente na primavera, em honra de Marte (o mês do nascimento da primavera). Remetia a rituais que garantiam a perenidade de Roma, utilizando-se de escudos sagrados que eram guardados para esses eventos. Essa dança era um Tripudium, uma dança em três tempos.


    No início da República as origens sagradas da dança já estavam esquecidas. Por isso, alguns estadistas como Cipião Emiliano e Cícero hostilizaram e fecharam as escolas que ensinavam dança às crianças de boa família. Porém, as danças tradicionais da velha cultura romana, como as nupciais, não morreram. Durante o Império a dança voltou a ser praticada com freqüência, inclusive por mulheres de classes altas, mas as danças que fizeram mais sucesso foram as dos jogos de circo. A pírrica (dança típica da Grécia Antiga) voltou a ser praticada, e os pirriquistas eram trazidos da Jônia. Existiam até dançarinos famosos, como Batilo e Pílado, que eram reconhecidos por seus estilos diferentes. Mas a dança que não era mais sagrada também perdeu, além de seu sentido inicial, muitos movimentos e denotações, chegando a ter características que a aproximavam da indecência, como é o caso das danças de banquetes. Na pintura de Pompéia no Museu de Nápoles, há um exemplo disso, de uma dançarina nua.
  




            A Idade Média foi responsável por uma ruptura brutal na evolução da dança. Na antiguidade, a dança era sagrada, e logo evoluiu para um rito tribal em honra aos Deuses. Por não aceitar outras crenças, a Igreja Católica medieval proibiu esses tipos de dança e a modernidade continuou o processo evolutivo apenas da dança recreativa. Essa dança, mesmo não sendo proibida, era mal vista pelas autoridades eclesiásticas, pois era dançada como uma manifestação da espontaneidade individual. Com isso, concluímos que a dança não foi integrada à liturgia católica, apesar de aparecer nas comemorações.
    Como exemplo disso temos um decretal do papa Zacarias, no ano de 774, "contra os movimentos indecentes da dança ou carola" (Carola era uma dança típica dessa época); ou um decreto do concílio de Avignon, dizendo que "Durante a vigília dos Santos não deve haver nas Igrejas espetáculos de dança ou carolas". Apesar da repressão e das proibições, pode-se encontrar evidências de que as pessoas dançavam em comemorações e em momentos de festa. Eles dançavam a Carola e o Tripudium, sendo a primeira uma dança de roda e o segundo uma dança em três tempos, na qual os participantes não se tocavam. Eram danças ao som de cantos Gregorianos, e ritmadas com tambores e tamborins.
    Dessa forma, a Carola e o Tripudium eram dançados por qualquer um, mas apenas nas ocasiões não religiosas. Era a dança popular e livre, que significava comunhão porque era dançada em grupos, em rodas ou fileiras. Então, as camadas privilegiadas, buscando uma forma de se diferenciar, inventaram uma dança mais rica, na qual o corpo acompanhava uma métrica musical que mudava. Ao mesmo tempo, começaram a procurar a beleza das formas, a estética que iria organizar os movimentos. Essa era a época do início da decadência do feudalismo e os movimentos intelectuais começavam a ganhar força. A dança erudita, das camadas privilegiadas, separava-se das danças populares (Carola e Tripudium) e a ciência que estudava as regras que regem o corpo começava a ganhar espaço.
    Em oposição ao desenvolvimento do século XIII, o século XIV foi conhecido como "o século negro". Na época da Guerra dos Cem Anos, das piores colheitas da era medieval e da crise da Igreja, a dança seguiu as tendências refinando suas formas, variando seus ritmos e simbolizando a morte em seu sentido mais brutal. Os ritmos passaram a ser mais variados, alternando tempos lentos e tempos rápidos. A Carola, dança da Alegria, tornou-se uma dança macabra, muitas vezes dançada em cemitérios. Esse costume difundiu-se com o objetivo de mostrar que "a vida é uma Carola conduzida pela morte", transformando a morte num motivo para se viver de acordo com as regras e dogmas católicos (o medo de ir para o "inferno" comandava as escolhas e as vidas das pessoas). Dançava-se até para espantar uma epidemia. Nessa época, a única dança destinada ao espetáculo era a dança dos nobres: as outras danças eram como rituais.
    Foi nesse momento, entre os nobres, que apareceu o Momo, um gênero de dança que serviu como base do futuro ballet-teatro. Era uma espécie de Carola onde os participantes dançavam mascarados e disfarçados. Uma história interessante sobre essa dança é a do Rei louco:
"Numa festa na mansão Saint Paul, por ocasião do casamento do Duque de Vermandois com a dama de honra da Rainha, o rei Carlos VI - dito o louco - quis fazer um momo e se disfarçou, com quatro companheiros, de "homem selvagem". Estavam cobertos de pêlos, da cabeça aos pés. Usavam camisas impregnadas de pez sobre as quais haviam posto grandes quantidades de fios de linho fino. Para reconhecer o rei, o duque de Orléans aproximou uma tocha de fogo dos momos. Os cinco começaram a pegar fogo. Três morreram imediatamente, um outro no dia seguinte; o rei foi salvo pela duquesa de Orléans que se jogou sobre ele e abafou o fogo com as dobras de seu amplo vestido".
    Nos bailes de Momos dançava-se a Mourisca, uma dança importada dos árabes, em ritmo binário, marcada por batidas dos pés ou, em caso de cansaço, dos calcanhares. O movimento da coreografia era o seguinte: bate-se o calcanhar direito (no chão) / bate-se o calcanhar esquerdo / bate-se os dois calcanhares (um no outro) / suspiro. Na verdade, as partituras indicam uma pausa no momento do suspiro. O momo tornou-se uma dança espetáculo quando começou a ser dançado como atração entre os pratos de um banquete.
    Já no final do século XV o momo estava estabelecido com firmeza nas cortes de príncipes. Apresentava, então diversos elementos dos ballets de corte (antecessores dos ballets de repertório), como dançarinos, cantores, músicos, carros, efeitos de maquinaria; mas faltava-lhes a "alma" do espetáculo: uma ação dramática coordenada e a diversidade das danças, pois apenas dançavam a Carola e a Mourisca.

BACO

        Obs. O rei Momo, imagem mítica do carnaval, baseia-se em BACO, daí ter que ser um homem obeso, pois de acordo com essa estátua de Baco não há que duvidar de sua obesidade, esculpida no século XVI numa fonte do Jardim Boboli, no palácio Pitti, Florença (Itália).
            Foi em Baco, que se inspiraram para fazer a representação física do Rei Momo, que comanda a folia do Carnaval, mas que na verdade está encarnando seu homônimo Mômos ou Momus(em grego Μῶμος) e que era a denominação do deus greco-romano do riso, da burla do sarcasmo e da sátira, personificavam-no usando uma máscara e levando à mão um boneco que simbolizava a loucura.Pois pressupõe-se, ou quiçá espera-se que o Carnaval contenha um pouco de cada uma dessas características, tanto de Momus como de Baco(Nt. Adelaide).

Continuação no próximo excerto

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