DHARMA: NADA NA VIDA ACONTECE POR ACASO
CONTOS INDIANOS
Contado numa sala de aula esta história, de um
príncipe cujo pai, o rei, tinha um conselheiro, um sábio ancião que, de forma serena,
sempre repetia a máxima de vida segundo a qual “tudo acontece para o melhor,
nada acontece por acaso”.
O príncipe cresceu ouvindo o jargão do ancião.
Jovem e imediatista, achava que o sábio não tinha razão e que as coisas eram
absolutamente casuais. Portanto, aquele conselheiro não tinha sabedoria alguma.
Certo dia o seu pai falece e ele assume o poder.
Logo pensa em dispensar o conselheiro derrotista e conformista que só sabia
repetir sua velha máxima.
Um belo dia, o novo rei resolve ir caçar com seus
homens e, junto com eles, levou o sábio. O novo rei pretendia, na primeira
oportunidade em que o ancião repetisse o jargão, se livrar dele.
Quando chegaram ao meio da floresta, uma ventania
violenta toma conta e derruba um galho, que bate contra a testa do novo monarca,
derrubando-o do cavalo, resultando num corte profundo na testa.
Caído no chão, meio atordoado, e com todos em volta
para acudí-lo, o rei se levanta e reclama: “Que absurdo, como pôde acontecer
uma coisa dessas comigo? Machuquei me inutilmente!”.
O sábio conselheiro chega perto dele e fala: “Não
se preocupe. Tudo acontece para o melhor, nada é por acaso”.
Indignado com o sábio, o rei ordenou a seus homens
que cavassem um buraco, amarrassem o ancião e o deixassem para os chacais
comerem. “Agora quero ver se ele vai achar que é para o melhor”, disse o novo
rei.
Ao ir embora, o novo rei se perde de sua comitiva na
floresta e escuta de longe um murmúrio de vozes. Pensando serem seus homens,
ele vai até os comandados e encontra um grupo de bandidos, que o aprisionam. Os
ladrões estavam fazendo um culto a uma divindade e teriam que entregar um ser
humano em sacrifício.
Os bandidos levam o novo rei para o altar e, no
momento de sacrificá-lo, percebem na testa dele um corte. Reclamam que, para
servir de sacrifício à divindade, o ser humano deve estar íntegro fisicamente.
Então o mandam embora, pois aquele homem não servia mais.
No mesmo momento, o novo rei lembra-se da sabedoria
do velho sábio e admite que o conselheiro tinha razão.
Mais tarde, ao reencontrar seus homens, ele vai em
busca do conselheiro, afirmando que cometera uma injustiça. Ao chegar ao poço,
retira o sábio de lá e lhe pede desculpas, dizendo que a ferida o salvou.
O velho disse: “É, aqueles bandidos que tentaram te
matar passaram por aqui também. Só não conseguiram me achar pois eu estava
dentro do buraco. Tudo acontece para o melhor, nada é por acaso... ”
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