sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ANÓNIMO - DHARMA: NADA NA VIDA ACONTECE POR ACASO CONTOS INDIANOS

DHARMA: NADA NA VIDA ACONTECE POR ACASO

CONTOS INDIANOS
        Contado numa sala de aula esta história, de um príncipe cujo pai, o rei, tinha um conselheiro, um sábio ancião que, de forma serena, sempre repetia a máxima de vida segundo a qual “tudo acontece para o melhor, nada acontece por acaso”.
       O príncipe cresceu ouvindo o jargão do ancião. Jovem e imediatista, achava que o sábio não tinha razão e que as coisas eram absolutamente casuais. Portanto, aquele conselheiro não tinha sabedoria alguma.              
    
       Certo dia o seu pai falece e ele assume o poder. Logo pensa em dispensar o conselheiro derrotista e conformista que só sabia repetir sua velha máxima.
        Um belo dia, o novo rei resolve ir caçar com seus homens e, junto com eles, levou o sábio. O novo rei pretendia, na primeira oportunidade em que o ancião repetisse o jargão, se livrar dele.
     Quando chegaram ao meio da floresta, uma ventania violenta toma conta e derruba um galho, que bate contra a testa do novo monarca, derrubando-o do cavalo, resultando num corte profundo na testa.
         Caído no chão, meio atordoado, e com todos em volta para acudí-lo, o rei se levanta e reclama: “Que absurdo, como pôde acontecer uma coisa dessas comigo? Machuquei me inutilmente!”.
           
        O sábio conselheiro chega perto dele e fala: “Não se preocupe. Tudo acontece para o melhor, nada é por acaso”.
     Indignado com o sábio, o rei ordenou a seus homens que cavassem um buraco, amarrassem o ancião e o deixassem para os chacais comerem. “Agora quero ver se ele vai achar que é para o melhor”, disse o novo rei.

       Ao ir embora, o novo rei se perde de sua comitiva na floresta e escuta de longe um murmúrio de vozes. Pensando serem seus homens, ele vai até os comandados e encontra um grupo de bandidos, que o aprisionam. Os ladrões estavam fazendo um culto a uma divindade e teriam que entregar um ser humano em sacrifício.
       Os bandidos levam o novo rei para o altar e, no momento de sacrificá-lo, percebem na testa dele um corte. Reclamam que, para servir de sacrifício à divindade, o ser humano deve estar íntegro fisicamente. Então o mandam embora, pois aquele homem não servia mais.
      No mesmo momento, o novo rei lembra-se da sabedoria do velho sábio e admite que o conselheiro tinha razão.
       Mais tarde, ao reencontrar seus homens, ele vai em busca do conselheiro, afirmando que cometera uma injustiça. Ao chegar ao poço, retira o sábio de lá e lhe pede desculpas, dizendo que a ferida o salvou.
       O velho disse: “É, aqueles bandidos que tentaram te matar passaram por aqui também. Só não conseguiram me achar pois eu estava dentro do buraco. Tudo acontece para o melhor, nada é por acaso... ”
FIM

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