sábado, 3 de abril de 2021

ADELAIDE ABREU-DOS-SANTOS - DESCOBRINDO O INIMAGINÁVEL

                                          DESCOBRINDO O                           INIMAGINÁVEL


Uma mulher, largando a xícara de chá, horrorificada ao descobrir o conteúdo monstruoso de uma gota amplificada de água do Tâmisa, revelando a impureza da água potável em Londres.

DESCRIÇÃO

Esta caricatura, de 1828, mostra uma mulher olhando em um microscópio a fim de observar os monstros que nadam em uma gota da água de Londres. Na década de 1820, grande parte da água potável de Londres era proveniente do Rio Tâmisa, que era extremamente poluído pelos esgotos da cidade, os quais se esvaziavam nele. A Comissão nomeada para investigar a situação do Abastecimento de Água de Londres expediu um relatório em 1828, que resultou em várias melhorias. As cinco companhias de água que serviam a margem norte do rio, melhoraram a qualidade de sua água construindo reservatórios e tomando outras providências. Porém, os residentes de Southwark (na margem sul do rio), continuaram a receber água contaminada. Os problemas só foram resolvidos na década de 1860, ocasião em que o atual sistema de esgoto de Londres foi instalado pelo Conselho Metropolitano de Obras (MBW) e seu engenheiro, Joseph Bazalgette. Entre o surgimento desta caricatura e da conclusão dos esgotos pelo MBW, Londres foi atacada por duas epidemias de cólera: em 1832 (parte da pandemia mundial da cólera) e em 1854. Ver uma gota de água através de um microscópio era uma diversão popular oferecida pelos artistas ambulantes, que costumavam levar microscópios em caixas, que carregavam nas costas. Nesta caricatura, a figura do artista ambulante, no canto inferior extremo à esquerda, tira seu chapéu diante de uma bomba de água e diz: "Prazer em vê-la, espero lhe encontrar em todas as paróquias de Londres". No título, lê-se: "Microcosmo. Dedicado às Companhias de Água de Londres 1 - Produziu todas as coisas prodigiosas e monstruosas, 2 - Hidras e górgones, quimeras apavorantes. Vide Milton." O último é uma referência à Paraíso Perdido, de Milton.