UKRÂNIA
SÍMBOLOS
A
Ucrânia (em ucraniano: Україна, Ukrayina, pronunciado: [ukrɑˈjinɑ]; literalmente
"fronteira" ou "confim") é um país da Europa Oriental que
faz fronteira com a Federação Russa a leste e nordeste; Bielorrússia a
noroeste; Polônia, Eslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia a sudoeste;
e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste, respectivamente. O país possui um
território que compreende uma área de 603.628 quilômetros quadrados, o que o
torna o maior país totalmente no continente europeu.
Mapa
da Ucrânia - localização na Europa
O território
ucraniano começou a ser habitado há cerca de 44 mil anos e acredita-se que a
região seja o lar da domesticação do cavalo e da família de línguas
indo-europeias. Na Idade Média, a nação se tornou um pólo da cultura dos eslavos
do leste, conhecido como o poderoso Estado Principado de Kiev. Após a sua
fragmentação no século XIII, a Ucrânia foi invadida, governada e dividida por
uma variedade de povos. Uma república cossaca surgiu e prosperou durante os
séculos XVII e XVIII, mas a nação permaneceu dividida até sua consolidação em
uma república soviética no século XX. Tornou-se um Estado-nação independente
apenas em 1991.
A Ucrânia é
considerada o "celeiro da Europa" devido à fertilidade de suas
terras. Em 2011, o país era o terceiro maior exportador de grãos do mundo, com
uma safra muito acima da média. A Ucrânia é uma das dez regiões mais atraentes
para a compra de terras agrícolas no mundo. Além disso, tem um setor de manufatura
bem desenvolvido, especialmente na área de
aeronáutica e de equipamentos industriais.
OBLASTS
O país é um Estado
unitário composto por 24 oblasts (províncias), uma república autônoma (Crimeia)
e duas cidades com estatuto especial: Kiev, a capital e maior cidade, e Sevastopol,
que abriga a Frota do Mar Negro da Rússia sob um contrato de leasing. A Ucrânia
é uma república sob um sistema semi-presidencial com separação dos poderes legislativo,
executivo e judiciário. Desde a dissolução da União Soviética, o país continua
a manter o segundo maior exército da Europa, depois da Rússia. O país é o lar
de 44,6 milhões de pessoas, 77,8% dos quais são ucranianos étnicos, com
minorias de russos (17%), bielorrussos e romenos. O ucraniano é a língua
oficial e o seu alfabeto é cirílico. O russo também é muito falado. A religião
dominante é o cristianismo ortodoxo oriental, que influenciou fortemente a
arquitetura, a literatura e a música do país.
História
COSSACOS (1600 -
1800)
Idade de ouro em Kiev (800 - 1100)
Mapa da Rus Kievana
no século XI. Durante a idade de ouro de Kiev, as terras do principado
alcançavam grande parte das atuais Ucrânia, Bielorrússia e Rússia
europeia.
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Durante os séculos
X e XI, o território da Ucrânia tornou-se o centro de um Estado poderoso e
prestigioso na Europa, a Rus Kievana, o que estabeleceu a base das identidades
nacionais ucraniana e das demais nações eslavas orientais nos séculos
subsequentes. A capital do principado era Kiev, conquistada aos czares por
Askold e Dir por volta de 860. Conforme as Crônicas Nestorianas, a elite do
principado era inicialmente formada por varegues provenientes da Escandinávia que
foram mais tarde assimilados à população local de modo a formar a dinastia
Rurik.
O Principado de
Kiev era formado por diversos domínios governados por príncipes ruríkidas
aparentados. Kiev, o mais influente de todos os domínios, era cobiçado pelos
diversos membros da dinastia, o que levava a enfrentamentos frequentes e
sangrentos. A era dourada do principado coincide com os reinados de Vladimir, o
Grande (Volodymyr, 980-1015), que aproximou o seu Estado do cristianismo bizantino,
e seu filho Jaroslau I, o Sábio (1019-1054), que viu o principado atingir o
ápice cultural e militar. O processo de fragmentação que se seguiu foi
interrompido, em alguma medida, pelos reinados de Vladimir Monomakh (1113-1125)
e de seu filho, o príncipe Mstislav (1125-1132), mas o território terminou por
desintegrar-se em entidades separadas após a morte do último. A invasão mongol do
século XIII desferiu ao principado o golpe de misericórdia, do qual nunca se
recuperaria.
ESTÁTUA DE VLADIMIR, O GRANDE EM KIEV, UCRÂNIA
Vladimir I de Kiev,
dito o Grande (c. 958 – 15 de Agosto de 1015), Vladimir Sviatoslavich, foi um nobre
eslavo, grão-duque de Kiev. Ele é considerado um santo pela Igreja Ortodoxa e
pela Igreja Católica por seu papel na cristianização do Principado de Kiev.
COMUNIDADE POLACO-LITUANA (1300 - 1600)
Na região
correspondente ao atual território da Ucrânia, sucederam ao Principado de Kiev
os principados de Aliche e de Volínia, posteriormente fundidos no Estado de
Aliche-Volínia, liderado por Daniel Romanovitch. Em meados do século XIV, o
Estado foi conquistado por Casimiro IV da Polônia, enquanto que o cerne do
antigo Principado de Kiev - inclusive a cidade de Kiev - passou ao controle do Grão-Ducado
da Lituânia. O casamento do grão-duque Jagelão da Lituânia com a rainha Edviges
da Polônia pôs sob controle dos soberanos lituanos a maior parte do território
ucraniano.
União
de Lublin de 1569, por Jan Matejko, 1869, óleo sobre tela, Museu Nacional,
Varsóvia.
Por força da União
de Lublin, de 1569, que criou a Comunidade Polaco-Lituana, uma porção
considerável do território ucraniano passou do controle lituano para o polonês,
transferido para a coroa da Polônia. Sob pressão de um processo de "polonização",
a maior parte da elite rutena (isto é, eslava ou eslavizada, mesmo que de
origem lituana) converteu-se ao catolicismo. O povo, porém, manteve-se fiel à Igreja
Ortodoxa, o que levou ao surgimento de tensões sociais demonstradas, por
exemplo, pela União de Brest, de 1596, pela qual Sigismundo III Vasa tentou
criar uma Igreja Católica Grega Ucraniana vinculada à Igreja Católica Romana.
Os plebeus ucranianos, vendo-se sem a proteção da nobreza rutena - cada vez
mais convertida ao catolicismo romano - voltaram-se para os cossacos (fervorosamente
ortodoxos) em busca de segurança.
COSSACOS (1600 -
1800)
Mapa da
República das Duas Nações com as principais subdivisões maiores depois da Paz
de Deulino em 1618.
Reino da Polônia
Ducado da Prússia
Grão-Ducado da Lituânia
Ducado da Curlândia e Semigália
Ducado de Livônia
Livônia sueca e neerlandesa
Em
meados do século XVII, um quase-Estado Cossaco, o Zaporozhian Sich, foi criado
pelos cossacos do Dniepre e pelos camponeses rutenos que fugiam da servidão
polonesa. A Polônia não tinha o controle efetivo daquela área, hoje no centro
da Ucrânia, que se tornou então um Estado autônomo militarizado, ocasionalmente
aliado à comunidade. Entretanto, a servidão do campesinato pela nobreza
polonesa, a ênfase da economia agrária da Comunidade na exploração da
mão-de-obra servil e, talvez a razão mais importante, a supressão da fé
ortodoxa terminaram por afastar os cossacos e a Polônia. Assim, os cossacos
voltaram-se para a Igreja Ortodoxa Russa, o que levaria finalmente à queda da
Comunidade Polaco-Lituana.
BRASÃO TIPICAMENTE COSSACO
A grande rebelião
cossaca de 1648 contra a comunidade e contra o rei polonês João II Casimiro levou
à partilha da Ucrânia entre a Polônia e a Rússia, após o tratado de Pereyaslav e
a guerra entre Rússia e Polônia. Com as partilhas da Polônia no final do século
XVIII entre a Prússia, a Áustria e a Rússia, o território correspondente à
atual Ucrânia foi dividido entre o Império Austríaco e o Império Russo, aquele
anexando a Ucrânia Ocidental (com o nome de província da Galícia), este
incorporando o restante do território ucraniano.
Conquista da Sibéria por
Yermak, por Vasily Surikov
Em que pese o fato
de que as promessas de autonomia da Ucrânia conferidas pelo tratado de
Pereyaslav nunca se materializaram, os ucranianos tiveram um papel importante
no seio do Império Russo, participando das guerras contra as monarquias
europeias orientais e o Império Otomano e ascendendo por vezes aos mais altos
postos da administração imperial e eclesiástica russa. Posteriormente, o regime
tzarista passou a executar uma dura política de "russificação",
proibindo o uso da língua ucraniana nas publicações e em público.
ERA SOVIÉTICA
O colapso do Império
Russo e do Império Áustro-Húngaro após a Primeira
Guerra Mundial, bem como a Revolução
Russa de 1917, permitiram o
ressurgimento do movimento nacional ucraniano em prol da autodeterminação.
Entre 1917 e 1920, diversos estados ucranianos se declararam independentes: o
Rada Central, o Hetmanato, o Diretório, a República Popular Ucraniana e a
República Popular Ucraniana Ocidental. Contudo, a derrota daquela última na Guerra Polaco-Ucraniana e o fracasso polonês na Ofensiva de Kiev
(1920) da Guerra Polaco-Soviética fizeram com que a Paz de Riga, celebrada entre a Polônia e os bolcheviques em março de 1921, voltasse a dividir a
Ucrânia. A porção ocidental foi incorporada à nova Segunda República Polonesa e
a parte maior, no centro e no leste, transformou-se na República Socialista
Soviética Ucraniana em março de 1919, posteriormente unida à União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, quando esta foi criada, em dezembro de 1922.
O ideal
nacional ucraniano sobreviveu durante os primeiros anos sob os soviéticos. A
cultura e a língua ucranianas conheceram um florescimento quando da adoção da
política soviética de nacionalidades. Seus ganhos foram postos a perder com as
mudanças políticas dos anos 1930.
A industrialização soviética teve início da Ucrânia a partir
do final dos anos 1920, o que levou a produção industrial do país a
quadruplicar nos anos 1930. O processo impôs um custo elevado ao campesinato,
demograficamente a espinha dorsal da nação ucraniana. Para atender a
necessidade de maiores suprimentos de alimentos e para financiar a
industrialização, Josef Stálin estabeleceu um programa de coletivização da
agricultura pelo qual o Estado combinava as terras e rebanhos dos camponeses em
fazendas coletivas. O processo era garantido pela atuação dos militares e da
polícia secreta: os que resistiam eram presos e deportados. Os camponeses
viam-se obrigados a lidar com os efeitos devastadores da coletivização sobre a
produtividade agrícola e as exigências de quotas de produção ampliadas. Tendo
em vista que os integrantes das fazendas coletivas não estavam autorizados a
receber grãos até completaram as suas impossíveis quotas de produção, a fome
tornou-se generalizada. Este processo histórico, conhecido como Holodomor (ou Genocídio Ucraniano), levou milhões de pessoas a
morrerem de fome.
Vítima do Holodomor numa rua da cidade ucraniana de Kharkiv, em 1932
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Na
mesma época, os soviéticos acusaram a elite política e cultural ucraniana de
"desvios nacionalistas", quando as políticas de nacionalidades foram
revertidas no início dos anos 1930. Duas ondas de expurgos
(1929-1934 e 1936-1938) resultaram na eliminação de quatro-quintos da elite
cultural da Ucrânia.
SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
Durante a Segunda Guerra
Mundial, alguns membros do subterrâneo nacionalista ucraniano lutaram contra nazistas e
soviéticos, indistintamente, enquanto que outros colaboravam com ambos os
lados. Em
1941, os invasores alemães e seus
aliados do
Eixo avançaram contra o Exército
Vermelho. No cerco de Kiev, a cidade foi designada pelos soviéticos como
"Cidade Heróica" pela feroz resistência do Exército Vermelho e da
população local. Mais de 660.000 soldados soviéticos foram capturados ali.
De início, os alemães foram recebidos como libertadores
por muitos ucranianos na Ucrânia Ocidental. Entretanto, o controle alemão sobre
os territórios ocupados não se preocupou em explorar o descontentamento
ucraniano com as políticas soviéticas; ao revés, manteve as fazendas coletivas,
executaram uma política de
genocídio contra judeus e
de deportação para trabalhar na
Alemanha. Dessa forma, a maioria da
população nos territórios ocupados passou a opor-se aos nazistas.
As perdas totais civis durante a guerra e a
ocupação alemã na Ucrânia são estimadas entre cinco e oito milhões de pessoas,
inclusive mais de meio milhão de judeus. Dos onze milhões de soldados
soviéticos mortos em batalha, cerca de 1/4 (um quarto) eram ucranianos étnicos.
Com o término da Segunda Guerra
Mundial, as fronteiras da Ucrânia soviética foram ampliadas na direção oeste,
unindo a maior parte dos ucranianos sob uma única entidade política. A maioria
da população não-ucraniana dos territórios anexados foi deportada. Após a
guerra, a Ucrânia tornou-se membro das Nações
Unidas.
ACIDENTE NUCLEAR DE CHERNOBIL
O desastre de Chernobil (em ucraniano:
Чорнобильська катастрофа, Chornobylska Katastrofa – Catástrofe de Chernobil;
também conhecido como acidente de Chernobil) foi um acidente nuclear
catastrófico que ocorreu em 26 de abril de 1986 na central eléctrica da Usina
Nuclear de Chernobil (então na República Socialista Soviética Ucraniana), que
estava sob a jurisdição direta das autoridades centrais da União Soviética. Uma
explosão e um incêndio lançaram grandes quantidades de partículas radioativas
na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União Soviética e da Europa
ocidental.
O desastre é o pior acidente nuclear da história em
termos de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos
classificados como um evento de nível 7 (classificação máxima) na Escala
Internacional de Acidentes Nucleares (sendo o outro o Acidente nuclear de
Fukushima I, no Japão, em 2011). A batalha para conter a contaminação
radioativa e evitar uma catástrofe maior envolveu mais de 500 mil trabalhadores
e um custo estimado de 18 bilhões de rublos. Durante o acidente em si, 31
pessoas morreram e longos efeitos a longo prazo, como câncer e deformidades
ainda estão sendo contabilizados.
O acidente fez crescer preocupações sobre a
segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos
anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados
países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e
substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de
Chernobil. É difícil dizer com precisão o número de mortes causadas pelos
eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não
ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório
da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data –
47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer de tireoide – e estimou
que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O
Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da
comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros
países. Segue um trecho do pronunciamento do líder da União Soviética, na época
do acidente, Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência:
῝Boa tarde, meus camaradas. Todos vocês sabem que
houve um inacreditável erro – o acidente na usina nuclear de Chernobil. Ele
afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela
primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de
controle.
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A INSTALAÇÃO
Sarcófago da Usina Nuclear de
Chernobil
A Usina
nuclear de Chernobil está situada no assentamento de Pripyat,
Ucrânia, 18 km a noroeste da cidade de Chernobil,
16 quilômetros
da fronteira com a Bielorrússia, e
cerca de 110 km a norte de Kiev.
A usina era
composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir um gigawatt de energia elétrica (3,2 gigawatts de energia
térmica). Em conjunto, os quatro reatores produziam cerca de 10% da energia
elétrica utilizada pela Ucrânia na época do acidente.
A construção da
instalação começou na década de 1970, com o reator nº 1 comissionado em 1977, seguido pelo nº 2
(1978), nº 3 (1981), e nº 4 (1983). Dois reatores adicionais (nº 5 e nº 6,
também capazes de produzir um gigawatt cada) estavam em construção na época do
acidente. As quatro unidades geradoras usavam um tipo de reator chamado RBMK-1000.
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O
ACIDENTE
Sábado, 26 de abril
de 1986, à 1:23:58 a.m. hora local, o quarto reator
da usina de Chernobil - conhecido como Chernobil-4 - sofreu uma catastrófica explosão de vapor que resultou em incêndio, uma
série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear.